sexta-feira, 30 de abril de 2010

Aprendendo com os erros

O mestre, conduz seu aprendiz pela floresta. Embora mais velho, caminha com igualdade, enquanto seu aprendiz escorrega e cai a todo instante.

O aprendiz blasfema, levanta-se e cospe no chão traiçoeiro e continua a acompanhar seu mestre.

Depois de longa caminhada, chegaram a um lugar sagrado. Sem parar, o mestre dá meia volta e começa a viagem de volta.

-Você não me ensinou nada hoje- diz o aprendiz, levando mais um tombo.

-Ensinei sim, mas você parece que não aprende - respondeu o mestre - estou tentando te ensinar como se lida com os erros da vida.

-E como lidar com eles?

- Como deveria lidar com seus tombos- respondeu o mestre- Em vez de ficar amaldiçoando o lugar onde caiu, devia procurar aquilo que o fez escorregar.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Pensamentos Árabes

Há duas invejas: a boa e condenável. A boa consiste em, quando encontrares alguém superior a ti, desejares ser como ele; a condenável consiste em desejar sua queda. - As-Saalibi

Não abras uma porta que não sejas capaz de tornar a fechar; nem feches uma porta que não sejas capaz de reabrir. Não lances uma flecha, se não és bastante forte para responder àquela que te arremessarão em resposta à tua.

Antigamente, os homens realizavam e não falavam. Depois, passaram a falar e realizar. Hoje, falam, mas não realizam. - Omar Ibn Al-Hares

Vives como quiseres: és mortal. Ama o que quiseres: um dia terás que abandoná-lo. Faze o que quiseres: receberás o equivalente àquilo que terás feito. - Al- Ghazzali

Nunca se justifique, porque os amigos não precisam e os inimigos nunca acreditarão. - Provérbio Árabe

Com a mentira se consegue o almoço, mas não o jantar. - Provérbio Árabe

segunda-feira, 26 de abril de 2010

A Verdade e a Parábola

Um dia, a Verdade decidiu visitar os homens, sem roupas e sem adornos, tão nua como seu próprio nome.

E todos que a viam lhe viravam as costas de vergonha ou de medo, e ninguém lhe dava as boas-vindas.

Assim, a Verdade percorria os confins da Terra, criticada, rejeitada e desprezada.

Uma tarde, muito desconsolada e triste, encontrou a Parábola, que passeava alegremente, trajando um belo vestido e muito elegante.

— Verdade, por que você está tão abatida? — perguntou a Parábola.

— Porque devo ser muito feia e antipática, já que os homens me evitam tanto! — respondeu a amargurada Verdade.

— Que disparate! — Sorriu a Parábola. — Não é por isso que os homens evitam você. Tome. Vista algumas das minhas roupas e veja o que acontece.

Então, a Verdade pôs algumas das lindas vestes da Parábola, e, de repente, por toda parte onde passava era bem-vinda e festejada.

Os seres humanos não gostam de encarar a Verdade sem adornos. Eles preferem-na disfarçada.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Onde está você?

Quando Rabi Yechiel, neto de Rabi Baruch de Medzibush, era uma criança pequena, perguntou ao avô: "Se Deus sabe de tudo, por que Ele chamou Adão, o primeiro homem, após o pecado e disse: 'Onde está você?' "

Rabi Baruch ouviu, mas nada respondeu.

Algum tempo depois, Rabi Baruch perguntou ao pequeno Yechiel: "Quer brincar de esconde-esconde?"
O menino ficou encantado e correu para esconder-se. Esperou e esperou, mas nada do avô aparecer para procurá-lo. Finalmente, desistiu e saiu do esconderijo.

O avô, percebeu ele, estava sentado à sua mesa e não tinha ainda tentado procurá-lo. O pequeno Yechiel começou a chorar. "Vovô, esqueceu de mim! Nem ao menos tentou procurar-me!" chorou ele.

"Isto," disse Rabi Baruch, "é a resposta à sua pergunta. É claro que Deus sabia onde Adão estava. Adão, entretanto, cometera dois pecados: comer o fruto da árvore e tentar se esconder do Senhor do Universo. Se Deus não tivesse ido 'procurar' Adão, este não teria conseguido sobreviver, por causa de sua vergonha. Ao 'procurar' por Adão, Hashem deu-lhe a oportunidade de fazer contato com Ele novamente, para que pudesse uma vez mais ficar face a face com seu Criador."

terça-feira, 20 de abril de 2010

Homenagem à Yancey

Jamais alguém que tenha encontrado a Jesus permanece igual. (...) Jesus abalou minhas estruturas preconceituosas e me conduziu a fazer perguntas severas sobre a razão por que os cristãos não nos empenhamos para segui-lo melhor.

Se ao menos eu pudesse ouvir a voz saindo do redemoinho e, como Jó, manter uma conversa com o próprio Deus! (...) Deus não é mudo: A Palavra falou, não saída de um redemoinho, mas da laringe humana de um judeu palestino. Em Jesus, Deus se deitou na mesa de dissecação, por assim dizer, estendeu-se na postura da crucificação para o escrutínio de todos os céticos que já viveram. Entre os quais me incluo.

As palavras acima são de Philip Yancey. E assim como Yancey, estou fazendo perguntas severas sobre a razão de inventarmos tantas liturgias, campanhas, e criarmos barreiras que dificultam seguirmos a Jesus. Certa vez Jesus proferiu as seguintes palavras: "Ai de vós, intérpretes da Lei! Porque tomastes a chave da ciência; contudo, vós mesmos não entrastes e impedistes os que estavam entrando."

O que era uma repreensão, acabou virando uma regra nos dias de hoje. Aqueles que tem a chave da ciência, não adentram na casa da sabedoria e ainda impedem os que querem fazê-lo. Teorias cinematográficas sobre Deus, diabo, céu e inferno. Palavras selecionadas que se tornam senhas que fazem pobres mentes transformarem riso em lágrimas, alegria em tristeza, perdão em dúvida, tudo apenas pela "piedade" e pelo "arrependimento".

Será que não estamos nos tornando "fariseus sangrentos", caminhando rumo ao extremismo religioso? (Os "fariseus sangrentos" eram homens conhecidos por causa das frequentes colisões com muros e outros obstáculos, por andarem com a cabeça baixa e coberta, com intuito de evitar a tentação sexual).

"Pois vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus".

Sua opção de hoje qual será: o fanatismo ou a misericórdia? pois: A qualidade da misericórdia não está deformada. Cai como a mansa chuva vinda do céu... E o poder da terra vai então mostrar-se como o de Deus, quando a misericórdia tempera a justiça. - Shakespeare

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Homenagem à Clarisse

Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo.

Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.

Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso.

Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.

Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.

Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.

Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.

Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.

Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.

Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.

Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.

Já tive crises de riso quando não podia.

Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.

Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.

Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.

Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.

Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.

Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.

Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.

Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".

Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.

Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.

Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.

Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.

Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.

Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.

Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!

Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!

Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.

Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE!

Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.

Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.

Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer:

- E daí? EU ADORO VOAR!

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Atrás das condições ideais

Uma paisagem. Um momento. Uma foto e o registro de um dia especial. Quando esta fotografia for vista novamente quem sabe daqui há alguns anos, você irá comentar: O sol ao fundo, a luminosidade do dia proporcionaram um cenário perfeito, a condição ideal.

Mas as condições ideais não existem por completo. Há alguns defeitos, que um olhar crítico-observador irá encontrar. E estes defeitos jamais poderão ser eliminados. Nem mesmo com o Photoshop. A grande mágica e a grande sacada de tudo é saber e perceber que, mesmo com os defeitos existentes, o momento continua maravilhoso.

A mesma coisa acontece com todos nós. Para uns somos magros ou gordos demais. Para outros falamos alto, para outros apenas sussuramos. Para uns somos muito espertos, para outros "meio devagar". Mas isto não importa.

Quando você não é o idealizador de algo, você custa entender o real significado de tudo o que acontece. A partir do momento que você mergulha no oceano das idéias do criador, e permite-se beber da mesma fonte de criatividade, você começa entender porque aquilo é como é.

Ninguém conhece você melhor do que você mesmo. Sim, você se conhece tão bem, que sabe que pode ir além do que está acostumado. Encare esta verdade: Lute e seja o que você sempre desejou ser. Qual é o seu medo? Qual é a sua barreira? Se a fé remove montanhas, imagine o que faz um monte de dinamites! Dinamite seus medos diariamente. Enfrente-os um a um, dia após dia. Não será fácil, você encontrará muitas dificuldades, mas a luta vale a pena.

Seja hoje, mesmo que apenas por 10 minutos, muito melhor do que você foi ontem. Cristo disse: "Basta a cada dia o seu próprio mal",ou seja, dê um passo de cada vez. Como diz Paulo Coelho: "Quem consegue ser o que sonhou durante dez minutos por dia, já está fazendo um grande progresso".

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Se aproximar de Deus

Certa vez li em uma reflexão de Paulo Coelho, algo que dizia: A busca espiritual se divide em três etapas: Aceitar o que somos, Melhor o que somos e buscar a união com Deus.

O perdão e a reconciliação nos faz cumprir a primeira etapa. Através deles aprendemos  a dissipar nossas mágoas, a libertarmos da opressão, a deixar nossa mente livre. Gostoso e surpreendente é quando assumimos nossas faltas e começamos a perceber e a sentir quão livres e leves podemos estar ou ser.

Melhorar o que somos é fugir do padrão do "fazer certinho", de "cumprir seu papel social". Só conseguiremos melhorar, progredir e assim se unir, aproximar-se de Deus, quando passarmos a trilhar o caminho que o próprio Deus nos ensinou: Para que haja beleza, sintonia e paz, não há necessidade de padrões ou modelos. Deus é um artista muito criativo, por isso como diz a canção "Todos nós somos pessoas coloridas".  Picasso disse certa vez: "Deus é um artista. Ele inventou a girafa, o elefante e a formiga. Na verdade, Ele nunca procurou seguir um estilo - simplesmente foi fazendo tudo aquilo que tinha vontade de fazer".

Se Deus criou cada um do seu jeito, com suas qualidades, beleza e limitações, por que nós - criados no último dia da criação - seríamos diferentes? Como a vida é uma só, e o artista que a encena também, cabe a cada um viver procurando aceitar o que somos reconhecendo nossas limitações , melhorar o que somos reconhecendo nossas faltas e buscar a união com Deus reconhecendo que fomos feitos para viver e viver bem.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Uma Oração para jamais esquecer

Senhor, protegei as nossas dúvidas, porque a Dúvida é uma maneira de rezar. É ela que nos fazem crescer, porque nos obriga a olhar sem medo para as muitas respostas de uma mesma pergunta. E para que isto seja possível,

Senhor, protegei as nossas decisões, porque a Decisão é uma maneira de rezar. Dai-nos coragem para, depois da dúvida, sermos capazes de escolher entre um caminho e o outro. Que o nosso SIM seja sempre um SIM, e o nosso NÃO seja sempre um NÃO. Que uma vez escolhido o caminho, jamais olhemos para trás, nem deixemos que nossa alma seja roída pelo remorso. E para que isto seja possível,

Senhor, protegei as nossas ações, porque a Ação é uma maneira de rezar. Fazei com que o pão nosso de cada dia seja fruto do melhor que levamos dentro de nós mesmos. Que possamos, através do trabalho e da Ação, compartilhar um pouco do amor que recebemos. E para que isto seja possível,

Senhor protegei os nossos sonhos, porque o Sonho é uma maneira de rezar. Fazei com que, independente de nossa idade ou de nossa circunstância, sejamos capazes de manter acesa no coração a chama sagrada da esperança e da perseverança. E para que isto seja possível,

Senhor, dai-nos sempre entusiasmo, porque o Entusiasmo é uma maneira de rezar. É ele que nos liga aos Céus e a Terra, aos homens e as crianças, e nos diz que o desejo é importante, e merece o nosso esforço. É ele que nos afirma que tudo é possível, desde que estejamos totalmente comprometidos com o que fazermos. E para que isto seja possível,

Senhor, protegei-nos, porque a Vida é a única maneira que temos para manifestar o Teu milagre. Que a terra continue transformando a semente em trigo, que nós continuemos transmutando o trigo em pão. E isto só é possível se tivermos Amor – portanto, nunca nos deixe em solidão. Dai-nos sempre a tua companhia, e a companhia de homens e mulheres que tem dúvidas, agem, sonham, se entusiasmam, e vivem como se cada dia fosse totalmente dedicada a Tua glória.

Amém.
 
Autor: Paulo Coelho

terça-feira, 13 de abril de 2010

Chá ou Paulada

Certa vez Hakuin contou uma estória:

Havia uma velha mulher que tinha uma casa de chá na vila.

Ela era uma grande conhecedora da cerimônia do chá, e sua sabedoria no Zen era soberba.

Muitos estudantes ficavam surpresos e ofendidos que uma simples velha pudesse conhecer o Zen, e iam à vila para testá-la e ver se isso era mesmo verdade.

Toda vez que a velha senhora via monges se aproximando, ela sabia se eles vinham apenas para experimentar o seu chá, ou para testá-la no Zen.

Àqueles que vinham pelo chá ela servia gentil e graciosamente, encantando-os. Àqueles que vinham tentar saber de seu conhecimento do Zen, ela escondia-se até que o monge chegasse à porta e então lhe batia com um tição.

"Apenas um em cada dez conseguia escapar da paulada..."

E você, o que busca? Uma multidão seguia a Cristo por causa da multiplicação dos pães, dos sinais. Quando Cristo os defrontou com a verdade (que eles estavam atrás dele por causa do alimento) todos foram embora, exceto os discípulos.

E você, o que busca? Vai atrás do chá ou da paulada? Atrás do alimento para saciar a barriga ou das palavras de vida eterna que saciam a alma?

sexta-feira, 9 de abril de 2010

As Sementes de Mostarda

Uma viúva, chorando, foi visitar Buda. Seu único filho havia morrido. Buda sorriu e lhe disse:

- Vá até a cidade e peça sementes de mostarda, mas deve ser em casas onde ninguém tenha perdido nenhum ente querido.

A mulher rapidamente foi até a cidade e começou a bater nas portas. Em todas as casas lhe diziam: "Podemos lhe dar quantas sementes quiser, mas a condição não será cumprida, porque muitos parentes morreram nesta casa". Mas ela não desistia. "Deve haver alguma casa onde a morte não seja conhecida", pensou.

Ao entardecer, exausta de tanto caminhar e bater nas portas, compreendeu que "a morte é parte da vida. Não é pessoal. Não é uma calamidade pessoal que só tenha acontecido comigo".

Com esse entendimento, voltou a Buda. Ele lhe perguntou: - Onde estão as sementes? Ela sorriu e caiu aos seus pés. - Inicie-me. Quero conhecer aquilo que nunca morre. Não peço para recuperar meu filho, porque mesmo que pudesse recuperá-lo, ele morreria novamente. Ensine-me como encontrar dentro de mim mesma isso que nunca morre.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

O Discípulo Impaciente

Após uma exaustiva sessão matinal de orações no monastério de Piedra, o noviço perguntou ao abade:
- Todas estas orações que o senhor nos ensina, fazem com que Deus se aproxime de nós?
- Vou responde-lo com outra pergunta – disse o abade. – Todas estas orações que você reza irão fazer o sol nascer amanhã?
- Claro que não! O sol nasce porque obedece a uma lei universal!
- Então, esta é a resposta à sua pergunta. Deus está perto de nós, independente das preces que fazemos.
O noviço revoltou-se:
- O senhor quer dizer que nossas orações são inúteis?
- Absolutamente. Se você não acorda cedo, nunca conseguirá ver o sol nascendo. Se você não reza, embora Deus esteja sempre perto, você nunca conseguirá notar Sua presença.


Fonte: http://colunas.g1.com.br/paulocoelho/2007/01/

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Passe a Macedônia e ajuda-nos

Uma das palavras que distingue os fariseus dos discípulos é esta: ajuda. Ajudar, auxiliar, socorrer. A vida é cheia de oportunidades, e a todo tempo está nos constrangendo e nos convidando: Ajude! Ajudar é necessário. Ajudar faz bem. Ajudar traz alegrias, tanto ao que auxiliar quanto ao que é auxiliado. Ajudar protege tanto a um quanto a outro. Ajudar constrói. Ajudar amplia. Ajudar ilumina.

Existem momentos que preferimos à clausura. Preferimos não nos envolver, manter a distância, sob os mais variados pretextos: preservação da nossa imagem, indolência, preguiça, omissão.

Estes pretextos, quando cultivados podem fazer florescer o fruto da injustiça e da indiferença. Vemos algo errado ocorrer ao nosso lado e simplesmente optamos pelo silêncio. “Não é problema meu”. “Não tenho nada a ver com isso”. Estas frases atestam uma coisa: Estamos “trabalhando” para o mundo das trevas.

E este mundo das trevas a que me refiro, não é apenas do ponto de vista religioso, mas é principalmente do ponto de vista humano. Este silêncio, esta omissão, apaga a fraca luz da esperança existente no coração de alguém solicito por ajuda. Extinguem-se totalmente os meios de ajuda. É como diz certo amigo, “é colocar o ventilador no prato de farofa”.

Quem opta por trilhar este caminho, não pode agir com displicência. Afinal de contas, você não é obrigado a ajudar ninguém, mas se opta por fazê-lo, não pode deixar de ajudar a quem for preciso. Vozes estão clamando, pedindo socorro. Deus tem os meios. E você é a ferramenta.

quinta-feira, 18 de março de 2010

A Mensagem de Paulo aos Colossenses - Última Parte

Iniciei esta reflexão com as palavras de Paulo destinada não apenas aos colossenses mas a todos os cidadãos da pátria celestial e remetendo várias vezes ao sermão da montanha proferido por Cristo e procurarei terminar fazendo o mesmo.

Paulo “encerra” sua carta aos colossenses com as seguintes palavras: “Dediquem-se à oração, estejam alertas e sejam agradecidos. [...] Sejam sábios no procedimento para com os de fora; aproveitem ao máximo todas as oportunidades. O seu falar seja sempre agradável e temperado com sal, para que saibam como responder a cada um”.
Nestes versos podemos extrair conselhos e destes podemos extrair lições para a vida:

Dediquem-se à oração, Estejam alertas e sejam agradecidos.
A oração não é mera repetição de palavras. É um pedido direcionado a Deus. É a declaração que precisamos de ajuda, que precisamos melhorar. A oração é uma unidade. É a união do pedido mais a ação. Peço ajuda de como fazer porque quero aprender a fazer. E a oração deve expressar também a nossa unidade. Unidade esta expressa na nossa relação para com Deus e também para com os homens. Não há possibilidade alguma de obtermos respostas as nossas orações, se não buscarmos esta unidade. Como novas criaturas, nós procuramos abandonar os hábitos do mundo. Procuramos expressar nosso amor a Deus, através do nosso relacionamento com o próximo, pois é impossível amar o criador e odiar a sua criação. É impossível admirar um cantor e odiar a sua música. João diz que “Aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem vê”. A estrada do perdão e da oração é a mesma. Perdoai e sereis perdoados. "Quando estiverdes orando, se tendes alguma cousa contra alguém, perdoai, para que vosso Pai celestial vos perdoe as vossas ofensas" (Mc 11:25). Quem não sabe dar, não sabe receber. Quem não aprendeu a doar de bom grado, nunca será agradecido quando recebe.
A petição tem por objetivo unir. Como disse Dallas Willard, quando peço, coloco-me ao lado. Ficamos juntos. A oração é também a forma de diálogo no meu relacionamento com Cristo. A oração nos une a Cristo e ao próximo. E esse relacionamento deve estar fundamento no respeito mútuo. Fazei aos outros o que desejas que façam a você. Como o próprio Willard disse: a definição mais apropriada de oração é simplesmente: "Conversar com Deus sobre o que estamos fazendo juntos".
Rapidamente, analisemos a oração do Pai Nosso, que Cristo nos ensinou, tendo por base estes três primeiros conselhos:

* Pai nosso que estás nos céus: A quem oramos? A quem clamamos? Àquele que está pronto a nos ouvir. Invocamos a uma pessoa específica: nosso Pai. Buscamos nos dirigir a ele através da nossa oração, do nosso jeito, da nossa forma. Pai, como Jesus costumava chamá-lo. Pastor, como Davi costumava a chamá-lo. Todo-Poderoso, como alguns o chamam. Não importa o título ou o pronome de tratamento, importa que o busquemos. De joelhos, prostado ou em pé. De olhos abertos, semi-abertos ou fechados. O jeito em si, não importa. Não existe uma forma ou posição canônica de ser invocar a Deus. Jesus, em pé, olhava para os céus e dizia Pai que estás nos céus porque tinha certeza que ele estava ali. Chamava o de Pai e colocava-se como Filho. Dizia: que estás nos céus, não pela distância e sim pela proximidade de nós, pois estamos mais próximos dos céus do que do Universo cósmico, onde muitos colocaram a Deus.

* Santificado seja o teu nome: O pedido que o nome de Deus seja respeitado ao máximo, de uma maneira única. A idéia expressa é que o nome de Deus receba a primazia da nossa atenção. Que as nossas atitudes e ações seja para que este nome possa ser glorificado. Que os outros enxerguem em nós o impacto que este nome causa em nossas vidas. Se somos filhos de Deus, temos a mesma assinatura do Pai. Que pai não se orgulha ao ver seu filho um vencedor? Que filho não se orgulha em chamar o pai de herói? Dar a importância devida ao Pai é dar a importância devida à família e a todos os que dela comungam.

* Venha o teu reino: Uma coisa puxa a outra. Aquele que tem o relacionamento em uma atmosfera mais íntima, que o chama de Pai, coloca-se na posição de filho e dá a primazia devida ao seu Pai, deseja que o reino do seu Pai manifeste-se a ele e a todos. Jesus diz que o reino do Pai não era um reino visível, porém muito real. Importa que os verdadeiros adoradores o adorem em espírito e em verdade. O desejo é que este reino de verdade, graça, amor e liberdade seja manifestado de uma forma plena na vida do ser humano. O reino do Pai que está nos céus é tão grande que o mundo não consegue suportá-lo mais ao menos tempo cabe dentro de cada um de nós.

*O pão nosso de cada dia nos dai hoje: O pão é o que precisamos para o nosso sustento natural. A ênfase porém está em nos daí hoje. O pão do dia, para o dia de hoje. Embora seja um Deus que era, é e sempre será, Deus está sempre presente e no presente. Muitos buscam o “passaporte” para o reino futuro de Deus. Nesta busca incessante tornaram-se em escravos do próprios prazeres e vontades e distanciam-se a passos largos do reino presente de Deus. Não extraíram lições do passado, não vivem o presente e poderão se decepcionar seriamente no futuro. Jesus nos alertou sobre a preocupação com as coisas futuras e também sobre todo aquele que entesoura para si mesmo e não é rico para com Deus. Hoje o que é de hoje, pois temos conosco aquele que provê também o amanhã.

*Perdoa as nossas ofensas: Perdão. Misericórdia. O clamor daqueles que consciente dos seus erros, buscam não perderem o relacionamento com o Pai. Ainda bem que ele mesmo confirmou que as suas misericórdias é a causa de nós não sermos consumidos. E não apenas elas, mas também o seu amor e sua graça derramada por nós através de Jesus evidenciam isto. Corações contritos, Deus não despreza. A sua palavra é que ele habita, ou seja, está perto e junto com os tais. Como um pai (e o que ele deseja ser para todos nós) se compadece dos filhos, assim o Senhor se compadece de nós. Não nos trata segundo os nossos pecados, nem nos recompensa de acordo com as nossas iniqüidades. O Senhor é compassivo, longânimo e cheio de misericórdia. Não é possível experimentarmos a misericórdia de Deus e sermos duros com o nosso próximo. Os que assim o fazem não entendem e não praticam o perdão e portanto não podem fazer esta oração, porque a mesma diz: Perdoa as nossas falhas, assim como nós perdoamos os que falham conosco.

* E não nos deixes cair em tentação: Escapar da tentação que o pecado proporciona. Além disto, esta declaração mostra a Deus a nossa incapacidade de lutar contra isso sozinho. E estar consciente disto é muito importante. Devemos pedir a Deus que nos livre do mal, que nos proporcione escape das tentações. Coisas ruins acontecem e por vezes abalam nossa fé. Confiar em Deus, entregar as nossas ansiedades e solicitudes é o que devemos fazer. Lançar a rede e encher o barco de peixes depois de ter tentado a noite inteira. Caminhar por sob as águas. Vencer os gigantes. Tudo fica mais fácil quando estamos juntos com o Senhor. A confiança excessiva em nossas capacidades nos cega e não nos permite ir mais adiante. Se fizermos esta oração de forma consciente e a tornamos viva em nós, perceberemos que a todo instante Deus nos afasta da tentação e nos livra do mal. A todo instante.

domingo, 14 de março de 2010

A Mensagem de Paulo aos Colossenses - Parte IV

A quarta mensagem de Paulo é destinada a seis classes de pessoas: Mulheres (3.18), Maridos (3.19), Filhos (3.20); Pais (3.21), Servos (3.22) e Senhores (4.1). Mas a mensagem a todos eles é uma só: Suportem, perdoem, revistam-se de amor e vivam em paz uns com os outros.

Uma pergunta: Quanto Jesus se importa com a relação que eu tenho com meus semelhantes? Muito mais do que imaginamos. No discurso da Montanha, conhecido como o Sermão da Montanha, Jesus torna claro o cumprimento da lei (que era baseada no olho por olho, dente por dente) pela imensa graça (amarás o teu próximo como a ti mesmo). Nos capítulos 5 e 7 do evangelho segundo Mateus, Cristo nos transmite ensinamentos práticos e atemporais.

Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir. Estas palavras demonstram a preocupação de Cristo em esclarecer o que estava anunciando. Ele mostrou ao homem o “reino” que ele está inserido, mas em contrapartida expôs o reino em que ele estava anunciando. Ele convidou (e ainda hoje convida) a todos os que ouvem as suas palavras a deixar de lado o hábito da aparência religiosa, da ira, da vingança, da luxúria sexual, das ansiedades e preocupações.

Dallas Willard, cita muita bem a seqüência proposta por Cristo no sermão da montanha: afastar a ira, o desprezo, a luxúria obsessiva, a manipulação e o revide, e depois abandonar a dependência da reputação humana e das riquezas materiais. Cristo nos convida a tomarmos seu fardo, a seguir o caminho (que é o próprio Cristo), a exercermos nossa fé, mas antes de tudo isso, construírmos nossa “casa” na rocha.

Hoje, a falibidade das relações humanas acentuam ainda mais o ensino de Cristo. São relações construídas nas areias da vida e do tempo. São “casas” que não suportam o rigor dos ventos e das tempestades. Começar a rachar e enfraquecer com a simples maresia e acaba por desmoronarem diante as tempestades.

Aquele que ouve e pratica estas minhas palavras... ilustra fielmente a atitude que devemos ter. Estas atitudes não devem ser condicionais, mas espontâneas. As atitudes que vão na contramão do que é demonstrado pelo mundo atual são os “frutos” da árvore que Jesus menciona em sua preleção. Árvore boa, bom fruto. A demonstração da dimensão do amor de Cristo pelos nossos semelhantes possui sua “vida” ligada à esfera do fazer. Jesus nos diz que isto é uma “pista de mão dupla”: “Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles”.

Se queremos realmente ter paz uns com os outros e amar o nosso próximo, precisamos abandonar um hábito que está profundamente entrelaçado à natureza humana: o hábito de culpar, julgar e condenar. Embora muito achem que a condenação “endireita o indíviduo”, os fatos demonstram que não. A diferença entre correção e condenação é do tamanho do universo. Corrigir é mostrar o caminho. É orientar aquele que cometeu o erro, levando o de volta ao caminho da graça, procurando firmá-lo no mesmo. Corrigir é andar junto. Paulo escreveu as seguintes palavras aos gálatas: “Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o, com o espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado. Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo."

Já quando condenamos ou culpamos alguém, o sentenciamos à exclusão e ao abandono. Jesus ensinou aos seus discípulos: Sua missão é jogar a rede, o mais cuido eu. Mostrou na teoria e na prática. Não deixou em nenhum momento que preferências doutrinárias ou partidárias, status social, vida pública, atos praticados anteriormente, excluíssem as pessoas de ouvirem e serem alcançadas pelo evangelho do reino. Assim foi com Mateus, Zaqueu, a mulher samaritana, Nicodemos, a mulher Cananéia, Jairo, a mulher Cananéia, o cego de Jericó e tantos outros. Jesus ensinou que devemos eliminar estes hábitos da nossa vida, não apenas para que possamos receber algo em troca de Deus, mas para que possamos acima de tudo nos tornamos mais felizes. Eliminar a condenação e ajudar: “Tire primeiramente a trave do teu olho...”

Em contrapartida, não julgar não significa não discernir. Discernir é fazer constatações em cima do que se vê. Um juiz de qualquer esporte usa pouco o julgamento e muito o discernimento. Ele diz pela sua experiência e em cima do que vê se foi ponto, gol ou não. É claro que ele também comete erros, mas a sua posição não é a do que mais sabe mas daquele que irá fazer a mediação entre as partes. Discernir é também mediar. Se não fizermos o uso do discernimento, acabamos por atirar pérolas aos porcos. Coisas boas se tornam más e ainda por cima letais. Aquilo que um dia serviu para construir, acaba virando um objeto de destruição. Acabamos por “empurrar as coisas goela abaixo”. Ouvimos e não entendemos. “Sabemos” e não praticamos.

Mulheres sujeitem-se (3.18), não está ligado a obediência cega, mas ao fato de caminharem juntos. Agora os dois são uma só carne, os sonhos e projetos, os passos durante a caminhada devem ser feitos juntos, visando o bem comum e a felicidade do casal. E o mesmo vale para os maridos que devem amar sua esposa e não a tratar com amargura (3.19). E Deus inspira o apóstolo a escrever em uma outra carta algo ainda mais sublime: “Maridos, amai vossas mulheres, como Cristo amou a igreja e a SI MESMO SE ENTREGOU POR ELA”.

Filhos, obedeçam a seus pais (3.20) e Pais não irritem seus filhos (3.21). Quantos filhos não honram seus pais e não os respeitam? Muitos. Em sua esmagadora maioria, a relação entre pais e filhos virou mero “negócio” ou “tradição familiar”. Relações que são verdadeiros objetos de cristais: encantadores e belos por fora, mas que possuem uma fragilidade gigantesca, que ao menor descuido vira apenas cacos e lembranças do que se foi um dia. Pais que tratam seus filhos como “acidentes da natureza” e que não perdem a chance de menosprezá-los, de compará-los com os filhos dos outros. Pais que proferem palavras de maldição sobre a vida dos filhos tais como: burro, idiota, imprestável e tantos outros adjetivos pejorativos. Filhos que tratam os pais como estorvo e que usam os mesmos apenas como agente de realização de desejos. Filhos que “sugam” seus pais, mas que tem vergonha dos mesmos por causa de algum defeito físico ou por que lhes falta escolaridade. Filhos que abandonam pais em asilos e hospitais. Pais que abandonam filhos nas ruas e nos latões de lixo. Relações edificadas na areia.

O que você quer ser quando crescer? Quero ser igual ao meu pai, ou igual a minha mãe. Respostas comuns há uns anos atrás. Hoje, o que mais se ouve é: Quero ser tudo o que o meu pai ou mãe não foi para mim. É triste e doloroso ouvir isto, mas é a triste manifestação dos frutos de muitas “árvores familiares”. Torno a dizer: Árvore boa, bom fruto. Você poderá questionar que há outros fatores internos e externos que influenciam as pessoas. Concordo com você. Mas também digo que, se os fatores externos e internos ruins nos influenciam, porque então não nos deixarmos influenciar pelos fatores positivos?

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A Mensagem de Paulo aos Colossenses - Parte III






Recentemente uma mulher pilotava um avião, praticando manobras a altas velocidades num caça de combate. Ela acionou os controles do avião pensando que manobrava para uma íngreme subida — e voou diretamente para o chão. Não se deu conta de que estava voando de cabeça para baixo.
Paulo, em sua terceira mensagem, fala a pessoas que experimentaram duas coisas por intermédio do sacrifício de Cristo: Morte e Ressurreição (3.1-4). E convida estes a fazerem quatro coisas: Matar (3.5), Abandonar (3.8), não mentir (3.9) e revestir-se (3.10,12).
Aparências. Disfarces. Muitos vivem assim, pois se acostumaram a viver assim. O famoso agente 007, há tempos saiu das telas do cinema e se incorporou na vida de vários cristãos, infelizmente. Muitos destes tais deturparam o significado do que é ser cristão e transformaram o em “marca”. Hoje a “marca” cristão, gospel, evangélico, virou moda. É sinal de status e prestígio. Empresários, artistas, cantores estão sendo “convertidos” pela palavra.  Agora é necessário saber palavra de quem. É possível brotar de uma mesma fonte água doce e salgada? É possível servir a dois senhores? Questiono, não como quem julga a alguém, pois não sou advogado ou juiz. Isto são apenas perguntas e devem ser encaradas como pausas de reflexão.
 Não há árvore boa que dê mau fruto; nem tampouco árvore má que dê bom fruto.[...]O homem bom do bom tesouro do coração tira o bem. Quando Jesus falava sobre bem e mal, você acha que ele teorizava? Leia Mateus 5.21-44 e depois responda: Jesus fala de coisas concretas ou abstratas?
Segui a paz com todos e a santificação sem a qual ninguém verá o SENHOR.  Muitos atrelaram, principalmente a parte final deste verso, uma carga negativa e pesada, cheia de inúmeros conceitos sobre o que é santidade ou santificação. Em sua esmagadora maioria não passam de conceitos esdrúxulos e impraticáveis.  Seguir a santificação é andar obedecer as palavras de Jesus. É fazer o que diz o contexto do capítulo: restabelecer as mãos caídas e os joelhos trôpegos, fazer caminhos retos para os pés para que não se perca o que é manco; antes seja curado. Abandonar as coisas deste mundo, não é criar um mundo paralelo, onde só exista você e Deus. Algumas palavras de Jesus não recebem a devida importância. Parece que umas são maiores ou melhores que outras. O desejo de Cristo, manifesto a Deus, através de sua oração foi: Pai, não peço que os TIRE DO MUNDO, e sim que os livre do mal. Jesus nos mostrou o que é ter um viver santo e como viver uma vida santa. Ele diz: Santifica-os na verdade. A tua palavra é a verdade. Não existe viver santo sem o conhecimento das Escrituras. Resplandecer o amor de Jesus é ter uma vida santa.  Ela não está de forma alguma relacionado com comida ou bebida. Vida santa é uma vida pautada no relacionamento pessoal e íntimo para com Deus. No sermão do Monte (Mateus capítulo 5 a 7), Jesus demonstrou aos homens, todas as suas mazelas do “reino humano” e o que elas proporcionavam. Mas expôs ao mesmo tempo de uma maneira clara e objetiva o reino de Deus.
Constituiu-se em um grande problema analisar o discurso de Cristo separadamente. Temos que analisar os textos dentro de sua amplitude única. Exemplo: Mateus capítulos 5 a 7, é um texto único. Se não o compreendermos assim, ficamos à mercê de interpretações fantasiosas e perdemos a grandeza e minimizamos o impacto das palavras proferidas por Cristo. E qual o perigo existente nestas interpretações? A transformação das palavras de Jesus em leis. Se tudo o que Jesus disse se constituísse em lei, isso certamente seria impossível de cumprir. E mais ainda, anularia o conceito real da graça, fazendo que nós fôssemos obrigados a buscar graça para obter perdão. E o resultado disto é: Quanto maior a proibição, maior a santidade. E estamos tão condicionados a acreditar que isso é verdade, que simplesmente aceitamos!
João disse que: “A lei foi dada por intermédio de Moisés; a GRAÇA e a VERDADE vieram por meio de Jesus Cristo.” Todo ensinamento, embora bem intencionado, fora do contexto das palavras de Jesus, constitui-se em MENTIRA, produzindo assim maldição e não benção para nossas vidas.
Jesus disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida . Além de afirmar qual o caminho verdadeiro, confirmou mais uma vez a premissa básica de seu ensinamento: a vida no reino só se dá através da fé. E esta fé firmada em Jesus. Não há outro caminho, não existem atalhos.
O que Jesus deseja de nós é sinceridade. Ele conhece as nossas limitações. Nós também, precisamos ter conhecimento delas. Vida de aparência, falsa humildade, falsa piedade, pretensa religiosidade. Homens que enxergam ciscos e não enxergam traves. Homens que limpam o exterior do copo e o interior está sujo. Homens que são sepulcros caiados. Não disto agrada a Deus.
Encontramos hoje muitos que entregam o que é santo aos cães, que lançam pérolas ante os porcos, em troca de status, fama e prestígio. “Mensageiros” eloqüentes que arrastam multidões e as emocionam. Que alteram, adulteram, prostituem o discurso de Cristo, visando apenas o seu bel-prazer. E muitos deles ainda têm a audácia de dizer que anunciam o reino de Deus. Hipócritas! Dissimulados! Lobos roubadores, disfarçados em ovelhas, que anunciam um reino de renúncia, sacrifício para alguns e um de desfrute e “liberdade” para os outros.
Ter uma vida santa é plantar a semente da fé, para colher os frutos do Espírito12. É se revestir de compaixão, bondade, mansidão, humildade e paciência (3.12). É ser prova viva do impacto das palavras de Cristo, e não apenas um reagente (como muitos hoje o são) à impressionante disponibilidade de Deus para satisfazer as presentes necessidades humanas por intermédio das ações de Jesus, como disse Willard.
A nossa vida e nossa fé devem ser ativas. Seguimos a Deus porque o amamos e não porque temos medo do inferno, ou da morte ou qualquer coisa assim.  Somos convidados a agir e reagir em amor. Suportar e perdoar (3.13),  ensinar e aconselhar (3.16), agradecer (3.15 e 17).
Para aqueles que conhecem a Jesus, sabem que só existem dois caminhos: ou o abandonamos de um vez por todas, ou o adoramos sem reservas. É preciso ter isto em mente para que nossa fé, seja um fé autêntica, que não será levada por qualquer vento de doutrina.
Pense nos códigos de barras hoje usados nos produtos da maioria das lojas. O scanner lê somente o código de barras. Pouco importa o que há na garrafa ou na embalagem, ou se o adesivo está no item "certo" ou não. A máquina da caixa lê com o seu olho eletrônico somente o código de barras e desconsidera completamente o resto. Se o código de barras do sorvete está na ração do cachorro, a ração do cachorro é sorvete, pelo menos para o scanner 1.
O que realmente importa? A vida exterior ou a interior? Não importa qual bonito seja o túmulo ou o caixão, dentro sempre haverá um morto. O que vale mais? O que eu represento para os homens ou para Deus? Nenhum dos dois. O que vale é o que realmente somos. Se somos novas criaturas, vivamos pois em novidade de vida. 
Se nossa vida e fé não estiver alicerçada nas palavras de Cristo, se nós não formos praticantes e não apenas ouvintes, se a mensagem da graça e a anunciação do reino não tiverem significado em nossas vidas, vida santa ou viver em santidade serão apenas expressões religiosas fúteis e tolas.

1 -Dallas Willard - The Divine Conspiracy - pg.34

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

A Mensagem de Paulo aos Colossenses - Parte II

            Inicio citando as maravilhosas palavras de Dallas Willard, que estão escritas no livro The Divine Conspiracy. Aliás, muito do que escrevo neste ensaio é influência de suas palavras e de outros grandes autores como Lewis, Tolkien, Spurgeon e Nietzsche e o impacto que elas provocaram em minha vida. Nada mais justo e oportuno que inserir suas palavras com forma de meditação e reflexão sobre o tema desta segunda mensagem.
            A minha esperança é conquistar uma nova audiência para Jesus, especialmente dentre aqueles que acreditam que já o compreendem. Nesse caso, bem francamente, a presumida familiaridade tem levado ao desconhecimento, o desconhecimento ao desdém e o desdém a uma profunda ignorância.3
            Willard fala sobre a importância da intimidade com Cristo. Mostra aonde a aparente familiaridade pode levar os “discípulos” de Cristo. Paulo fala aos colossenses também sobre esta importância. Palavras como continuar, permanecer, edificar e firmar dão a tônica desta segunda mensagem. Mesmo sem conhecê-los pessoalmente (2.1) ele os aconselha a se firmarem naquilo que eles receberam de Cristo (2.6,7).
            Já na época de Paulo, os grandes “descobridores e interpretadores” das leis e dos costumes já disparavam suas doutrinas.  Paulo convida a todos  a permanecerem firmes naquilo em que aprenderam. Filosofias fundamentadas em tradições humanas e em princípios mundanos, procuravam confudir a cabeça. Mas em Cristo, e só nele, é possível se encontrar a plenitude do conhecimento. E porque Paulo, falava sobre isso? Por que ele tinha consciência que nada daquilo (como o que existe hoje em dia) produziria alguma coisa de valor. Eles estavam sendo atacados por doutrinas, dogmas, leis, usos e costumes com a finalidade de “aprimorar” ou “completar” as palavras e o sacrifício de Jesus.
            Isso me entristece, mas o que vivemos hoje não é lá muito diferente. Muitos carregam fardos e cargas, travestidos de piedade e selado com os dizeres “vontade de Deus” sem necessidade alguma. As palavras de Jesus, são palavras de carregam um praticidade e uma clareza ímpar. Suas palavras e ações demonstram o que verdadeiramente é a vontade de Deus. A vontade, assim como o amor de Deus, não é algo condicional. Quantas vezes, Jesus requeriu algo ou alguma coisa de alguém? Jesus convidava as pessoas a repensarem suas ações e atos para consigo e para com o próximo. A grande decepção de Judas Iscariotes foi pensar que seu Mestre iria promover uma revolução exterior. Jesus convidou a seus discípulos a serem pensadores, descobridores e anunciantes do reino de Deus aqui na terra. Sua revolução se deu no campo das idéias. Era uma revolução de dentro para fora. Mostrou que apenas com o conhecimento de Deus e da verdade eles seriam livres. Paulo, ao escrever aos romanos (e a todos nós) fala sobre a importância do culto racional (que nada mais é do que o culto com o uso da mente, ou seja, um culto lógico, onde aja decência e ordem, baseado no conhecimento de Deus). Conheçamos e prossigamos em conhecer o Senhor, (conselho dado pelo profeta Oséias)  Meu povo perece por falta de entendimento (constatação feita por Deus) nos mostram o qual é importante o uso da mente na busca pelo conhecimento de Deus.
            E por que a mente é tão importante? Porque ela é o coração do homem. E é ela que o inimigo procura envenenar com dúvidas, incertezas, medos, angústias e todos os frutos da carne. E com a mente cheia destas coisas, o homem produz pensamentos que geram morte. Jesus nos aconselha a orar e vigiar para não cair em tentação. Uma mente que não é voltada para o conhecimento de Cristo, facilmente é conduzida pelas emoções e sentimentos, que rapidamente levam o homem ao engano e ao erro. E o engano e a mentira são as armas mais eficazes do maligno. Através delas ele procura imitar as coisas de Deus, com intuito de iludir os cristãos.
            Porque em Cristo habita CORPORALMENTE toda a plenitude da divindade, e,  por vocês estarem nele, que é o Cabeça de todo poder e autoridade, VOCÊS receberam esta plenitude. (2.9,10). E que plenitude da divindade é esta? A plenitude dos sete espíritos de Deus, conforme Isaías 11.2 (O Espírito do SENHOR, o espírito da sabedoria, o espírito do entendimento, o espírito do conselho, o espírito de fortaleza, o espírito de conhecimento, o espírito do temor do SENHOR).
            Isaías, 700 a.C. proferiu as seguintes palavras: “ Porque brotará um rebento do tronco de Jessé, e das suas raízes um renovo frutificará.4 Renovo é novidade, reinício. E para isso nós fomos chamados: para sermos uma nova criatura,  viver em novidade de vida, sermos uma nova geração!
            Nós fomos chamados das trevas para a maravilhosa luz de Cristo. E nele nos fomos circuncidados (2.11), sepultados e ressuscitados (2.12), vivificados e perdoados (2.13,14) e livres do legalismo baseado em mandamentos e doutrinas humanas (2.20-23).
            Infelizmente, muitos não valorizam e até mesmo diminuem o impacto da cruz de Cristo em suas vidas. Livre-arbítrio é bobagem. Disciplina é liberdade. Não se submeter a regras, não é o mesmo que desprezá-las. Lembre-se que fomos chamados das trevas para a luz. Muitos, embora estejam na luz, ainda estão acostumados a “facilidade” da escuridão. Na luz, sabemos onde pisamos e para onde estamos indo. Nas trevas, a única saída é apalpar. Liberdade não é viver à esmo.
            Muito pouca gente hoje acha Jesus uma pessoa interessante ou de importância vital para o curso da sua vida real. Ele não é em geral considerado uma personalidade da vida real que lida com questões da vida real, mas tido como alguém ligado a um plano etéreo distante daquele que precisamos enfrentar, e enfrentar agora; e, francamente, ele não é tido como uma pessoa de muita capacidade.
            Jesus é visto mecanicamente mais ou menos como uma figura mágica — um peão ou quem sabe um cavalo ou um bispo num xadrez religioso - que se enquadra somente nas categorias do dogma e da lei. Dogma é aquilo em que você tem de acreditar, quer acredite quer não. E lei é aquilo que você precisa fazer, quer seja bom para você quer não. Por outro lado, aquilo em que temos de acreditar agora, aquilo que temos de fazer agora é a vida real, prenhe de coisas e pessoas interessantes, assustadoras e importantes.
            Ora, na verdade Jesus e as suas palavras jamais pertenceram às categorias de dogma ou lei, e compreendê-los assim é simplesmente não compreendê-los. Pois ele e suas palavras são em essência subversivos em relação aos sistemas e aos modos de pensamento estabelecidos. Isso é evidente diante da maneira como eles entraram no mundo, diante das conseqüências iniciais que eles provocaram, do modo como estão preservados nos escritos do Novo Testamento e da maneira como persistem vivos no seu povo. Ele mesmo definiu as suas palavras como "espírito e... vida" (Jo 6:63). Invadem o nosso mundo "real" com uma realidade ainda mais real, o que explica por que os seres humanos de então e de agora têm de se proteger delas.
            O dogma e a lei - equivocadamente talvez, porém compreensivelmente — vieram a se cercar de um ar de arbitrariedade. Em função de como os nossos pensamentos nos chegaram através da história, para a maior parte das pessoas hoje dogma e lei significam simplesmente aquilo que Deus quis. Essa visão torna essas duas coisas importantes, e igualmente perigosas, e é conveniente que se reconheça isso. Mas também rompe qualquer ligação com o senso de como as coisas realmente são: com a verdade e a realidade. E a nossa "vida real" é a nossa verdade e a nossa realidade. É onde as coisas realmente acontecem, não num plano de suposições que só ameaçam dificultar a vida, ou quem sabe torná-la intolerável.
            A vida e as palavras que Jesus trouxe ao mundo vieram na forma de informações e realidade. Ele e os seus primeiros companheiros conquistaram o mundo antigo porque fizeram correr nele uma torrente de vida - da vida mais profunda -, juntamente com as melhores informações possíveis sobre as questões mais importantes. Eram questões com que a mente humana já vinha seriamente se debatendo sem muito sucesso havia um milênio ou mais. A mensagem original, portanto, não foi recebida como algo que as pessoas tinham de acreditar ou fazer, porque senão algo ruim - algo sem ligação essencial com a vida real - lhes aconteceria. As primeiras pessoas alcançadas por essa mensagem concluíam em geral que seria loucura desprezá-la. Esse foi o fundamento da sua conversão.
            O próprio Jesus era tido como alguém a admirar e respeitar, alguém que se tinha em mais alta conta, que se considerava uma pessoa de grande capacidade. A adoração dele incluía - e não, como hoje, excluía — essa idéia. Essa atitude naturalmente se transmitiu em designações e expressões do Novo Testamento, como "Príncipe da Vida", "Senhor da glória", "vida em abundância", "insondáveis riquezas de Cristo" e assim por diante. Hoje essas expressões estão esvaziadas da maior parte do seu conteúdo intelectual e prático.
            Muitas vezes não compreendemos Jesus e suas palavras como realidade e informações vitais sobre a vida. E isto explica por que hoje não ensinamos normalmente àqueles que professam fidelidade a ele como fazer aquilo que ele afirmou ser o melhor. Nós os exortamos a professar fidelidade a Jesus ou simplesmente esperamos que eles o façam; e os deixamos aí, dedicando a força que nos resta a "atraí-los" para isso ou aquilo.
            É verdade que é possível encontrar em círculos cristãos alguns estudiosos ou líderes que negam que devamos fazer discípulos ou aprendizes de Jesus e ensiná-los a fazer todas as coisas que Jesus falou. Há alguns aqui e ali, mas na melhor das hipóteses eles não são lá muito influentes. Porém, os ensinamentos de Jesus a respeito disso são, no entanto, absolutamente claros. Nós é que não fazemos o que ele disse. Não nos esforçamos seriamente por fazê-lo e aparentemente nem sabemos como fazê-lo. Basta você examinar com sinceridade as suas atividades oficiais para perceber isso. Dizer essas coisas me entristece, e eu não pretendo condenar ninguém. Mas essa é uma questão de extrema importância, e se não for bem compreendida, nada se poderá fazer a respeito.
            Portanto, nos vemos forçados a buscar uma explicação para esse estado de coisas. Como pode a obrigação ser tão clara e ao mesmo tempo ninguém tentar cumpri-la? O problema, podemos estar certos, reside bem lá no fundo das idéias que inadvertidamente regem os nossos pensamentos sobre quem somos, como cristãos e como seres humanos, e sobre a importância de Jesus para o nosso mundo e para a nossa vida.
            Na verdade, esse problema é muito mais profundo do que qualquer coisa que possa com razão nos fazer sentir culpados. Pois, sem dúvida nenhuma, não é uma questão de algo que fazemos ou deixamos de fazer. A questão é que não podemos deixar de pensar e agir assim, em função da nossa formação intelectual e espiritual. Portanto, qualquer mudança significativa só virá com a derrubada da fortaleza das idéias e conceitos que mecanicamente afastam Jesus, o "Príncipe da Vida", quando surgem questões que envolvem o controle concreto da nossa vida.
            Seja qual for a verdadeira explicação disso, a coisa mais notável do cristão contemporâneo é que ele simplesmente não tem a convicção de que compreender e acatar a clara doutrina de Cristo é de importância vital para a sua vida; sem essa convicção, ele logicamente não considera essa doutrina como algo essencial. Nós - incluindo as multidões que se distanciaram de qualquer associação formal com ele - ainda assim nos sentimos culpados em relação a esses ensinamentos, exibindo um riso nervoso e um olhar de quem se reconhece faltoso. Porém mais freqüentemente, acho eu, tal obediência é tida como inviável ou impossível. Isso em larga medida, porque só se pensa praticamente em obediência à lei - questão sobre a qual muito teremos a dizer adiante.
            Seja como for, mais do que qualquer outro fator, a irrelevância prática da efetiva obediência a Cristo explica o impacto enfraquecido do cristianismo no mundo de hoje, com a sua crescente tendência de enfatizar a ação política e social como meio principal de servir a Deus. Explica também a irrelevância prática da fé cristã para o desenvolvimento do caráter individual e para a sanidade e o bem-estar das pessoas em geral.5




Fonte: 
3 - Dallas Willard – The Divine Conspiracy – pg. 6
4- Isaías 11.1
5- Dallas Willard – The Divine Conspiracy – pg. 6-8

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

A Mensagem de Paulo aos Colossenses - Parte I

O Mestre e discípulo caminhavam pelos desertos da Arábia. O Mestre aproveita cada momento da viagem para ensinar ao discípulo sobre a fé.
- Confie suas coisas a Deus - diz ele - Deus jamais abandona seus filhos.
De noite ao acamparem, o Mestre pede que o discípulo amarre os cavalos numa rocha próxima. Ele vai até a rocha, mas lembra dos ensinamentos do Mestre:
- "Ele está me testando", pensa.  - "Devo confiar os cavalos a Deus."
E o discípulo deixa os cavalos soltos. De manhã o discípulo descobre que os animais fugiram. Revoltado procura o Mestre.
- Você nada entende sobre Deus - reclama. - Eu entreguei a Ele a guarda dos cavalos e os animais não estão lá.
- Deus queria cuidar dos cavalos - responde o Mestre. - Mas naquele momento, Ele precisava de suas mãos para amarrá-los. (autor desconhecido)
            Conhecimento e Experiência. Temas da crônica acima. Temas que envolve a carta de Paulo escrita aos colossenses. O que é maior o conhecimento ou a experiência? Temos por definição de conhecimento a “idéia ou noção de alguma coisa”. É uma relação de familiaridade e não de intimidade. Já a experiência é o saber por observação ou prática. Mas isto faz a experiência, maior do que o conhecimento?
            O apóstolo Paulo, inicia sua carta agradecendo aquele que nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado.(1.14) pelo amor que os colossenses demonstravam pelos uns pelos outros e principalmente pela fé que era manifestada por eles. Os irmãos em Colossos ouviram e entenderam a graça de Deus em toda a sua verdade (1.10). O desejo de Paulo manifesto através de suas orações, era que o pleno conhecimento da vontade de Deus enchesse os colossenses. E para que? Para que os colossenses firmassem sua fé em Cristo e em suas palavras (1.23; 2.6-7). Que o conhecimento de Deus produzisse através da experiência frutos de graça, amor e alegria.
            Paulo alerta aos colossenses que o viver em Cristo não é um conceito abstrato, carregado de doutrinas ou filosofias (2.2-3). Viver em Cristo é mais do que religião (embora nunca tenha sido uma religião mesmo). É ter uma vida pautada, não em conhecimentos frívolos ou em orientada e determinada por condições. É aprender a suportar uns aos outros e perdoar as queixas que temos uns contra os outros (3.13).
            Cristo não aprova a impudência. Aprender a suportar e perdoar. Não existe remédio para isto. Aprende-se na prática e somente com ela, pois de livros com teoria para “liberar perdão” o mundo está cheio. Cristo não escreveu livro, tese ou teoria de como liberar o perdão. Ele não nos deu o perdão como ordem e sim como ensinamento. Ele mostrou que perdão é ação, prática e não teoria. Demonstrou e ofereceu perdão a todos quanto o ofenderam, agrediram, insultaram e o machucaram.
            Cristo nos ensinou e nos mostrou que o Deus o desejo de Deus é ter um relacionamento mais intenso conosco. Deus deseja que nos tenhamos o conhecimento de quem ele é. Mas que nosso conhecimento não seja apenas uma relação de familiaridade, mas de intimidade. Oséias diz que devemos “conhecer e prosseguir em conhecer o Senhor”2. Em outras palavras, que o nosso conhecimento de Deus caminhe-se para um conhecimento ainda maior sobre Deus. Cristo nos reconciliou a Deus para que pudéssemos ver além dos dogmas e filosofias religiosas que nos cercam. Enxergar além das grades impostas por doutrinas humanas falíveis que nos impõe cargas e fardos, conceitos e definições que andam afastadas a milhas das palavras proferidas por Cristo.
            Através do sacrifício físico de Cristo, ele nos reconciliou a Deus. Nós que dantes eram inimigos de Deus, na mente e por conta de nosso mau procedimento, obtivemos o perdão dos nossos pecados, por intermédio daquele que é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação, pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis (Cl. 1.15,16). Ele nos amou quando nós ainda éramos pecadores. Buscou aqueles que não buscavam por Ele. O sacrifício de Cristo é a manifestação real do amor que Deus nutre pela humanidade (ver João 3.16). E hoje ele nos convida a sermos um com ele, a viver uma vida abundante, pautada em seus ensinamentos, despindo do velho homem e suas práticas e se revestindo do novo, sendo renovado pela verdade e pelo conhecimento de Deus.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Alimentando ovelhas ou divertindo bodes?

“Vós sois o sal da terra e a luz do mundo” – Mateus 5


Ao contrário do que muitos pensam, os jovens se preocupam sim com o evangelho que está sendo anunciado nestes últimos dias. É uma pena que muitos não tenham acesso a livros ou os que os têm não os estudem com afinco. Sou grato a Deus pela vida de grandes homens e mulheres que nos deixaram porções valiosas, através de sermões, devocionais ou cartas, de experiência e comunhão com Deus. Estes escritos são verdadeiros tesouros em vasos de barro. E fica registrado aqui meu agradecimento, pela oportunidade de ter lido alguns destes escritos,principalmente os de Charles Spurgeon. O título acima é o mesmo de um devocional escrito por ele lá por volta de 1860. E hoje mesmo com mais de 140 anos, o título continua bem atual. Com a devida licença, não poderia deixar de discorrer, mediante título tão perspicaz.
Um grande mal tomou conta das igrejas. Um mal tão grosseiro, quanto a falta de vigilância de muitos que professam a fé. Uma mal que assim com a semente do joio, foi lançada no campo do trigo. Um fermento que leveda toda a massa. Começou “flertando” com alguns líderes e membros, depois com jovens, homens, mulheres e crianças e acabou por se “amasiar com a Igreja”. Através deste relacionamento foram-se retirando gradualmente a ousadia no pregar a palavra, a veracidade do testemunho, os milagres e foram incorporadas coisas banais e frívolas com a justificativa de se atrair multidões.
Primeiro: Cultos e reuniões, passaram a ser grandes ajuntamentos. O tempo para meditação e estudo da palavra foi diminuído drasticamente e cada vez mais elementos cinematográficos e até circenses foram incorporados aos cultos. (Ressalto aqui que não condeno grupos coreográficos, peças teatrais ou danças, pois até admiro alguns, mas sinceramente não vejo como alguém que entra dentro de uma igreja correndo, gritando e dando cambalhotas, vá proporcionar algum tipo de quebrantamento em algum coração. No máximo, alguns sorrisos). Onde está escrito que a Igreja deve fornecer diversão e entretenimento para as pessoas? Em lugar algum. “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” onde está a parte do entretenimento? Os profetas foram perseguidos por contavam piadas ou divertiam as pessoas ou por recusar-se a fazê-lo? Eles foram alvo sim de divertimento por parte dos seus algozes por não deixarem sua massa levedar com o fermento dos seus opositores. Quais foram as palavras de Jesus para seus seguidores? “Vós sois o sal da terra e a luz do mundo. Se o sal se tornar sem sabor, para nada mais presta a não ser para ser lançado fora.” Nós fomos chamados para ser sal e não “beijinhos” ou “brigadeiros”. Fomos chamados para ser luz, e não neon.
Segundo: A igreja cresceu e a mensagem de Cristo se propagou porque os apóstolos tinham por objetivo anunciar as palavras do Mestre. Não tinha essa de lenço abençoado e paletó ungido. Não existiam campanhas de rosas brancas, vermelhas, amarelas ou azuis. Correntes de quebra de maldições, quebra de barreiras, quebra de muralhas, etc. Os apóstolos pregavam o evangelho.
E por fim, diga-me alguém que foi alcançado pelo evangelho através destas coisas. Alguém que experimentou do novo nascimento e alguma destas coisas lhe serviram como elo em sua conversão. Conhecesses alguém? Sim. Que bom. Agora olhe para figueira e não se espante se tal como Cristo, não encontre nenhum fruto. A razão é óbvia: “shows” não produzem conversão. Só aglomeram fãs. Assim como show está relacionado a fãs e apreciadores, Conversão está relacionada a Cristo e sua mensagem. Sem raiz bíblica, a semente do evangelho, sucumbe aos espinhos, lixos e as baboseiras do diabo.