domingo, 14 de março de 2010

A Mensagem de Paulo aos Colossenses - Parte IV

A quarta mensagem de Paulo é destinada a seis classes de pessoas: Mulheres (3.18), Maridos (3.19), Filhos (3.20); Pais (3.21), Servos (3.22) e Senhores (4.1). Mas a mensagem a todos eles é uma só: Suportem, perdoem, revistam-se de amor e vivam em paz uns com os outros.

Uma pergunta: Quanto Jesus se importa com a relação que eu tenho com meus semelhantes? Muito mais do que imaginamos. No discurso da Montanha, conhecido como o Sermão da Montanha, Jesus torna claro o cumprimento da lei (que era baseada no olho por olho, dente por dente) pela imensa graça (amarás o teu próximo como a ti mesmo). Nos capítulos 5 e 7 do evangelho segundo Mateus, Cristo nos transmite ensinamentos práticos e atemporais.

Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir. Estas palavras demonstram a preocupação de Cristo em esclarecer o que estava anunciando. Ele mostrou ao homem o “reino” que ele está inserido, mas em contrapartida expôs o reino em que ele estava anunciando. Ele convidou (e ainda hoje convida) a todos os que ouvem as suas palavras a deixar de lado o hábito da aparência religiosa, da ira, da vingança, da luxúria sexual, das ansiedades e preocupações.

Dallas Willard, cita muita bem a seqüência proposta por Cristo no sermão da montanha: afastar a ira, o desprezo, a luxúria obsessiva, a manipulação e o revide, e depois abandonar a dependência da reputação humana e das riquezas materiais. Cristo nos convida a tomarmos seu fardo, a seguir o caminho (que é o próprio Cristo), a exercermos nossa fé, mas antes de tudo isso, construírmos nossa “casa” na rocha.

Hoje, a falibidade das relações humanas acentuam ainda mais o ensino de Cristo. São relações construídas nas areias da vida e do tempo. São “casas” que não suportam o rigor dos ventos e das tempestades. Começar a rachar e enfraquecer com a simples maresia e acaba por desmoronarem diante as tempestades.

Aquele que ouve e pratica estas minhas palavras... ilustra fielmente a atitude que devemos ter. Estas atitudes não devem ser condicionais, mas espontâneas. As atitudes que vão na contramão do que é demonstrado pelo mundo atual são os “frutos” da árvore que Jesus menciona em sua preleção. Árvore boa, bom fruto. A demonstração da dimensão do amor de Cristo pelos nossos semelhantes possui sua “vida” ligada à esfera do fazer. Jesus nos diz que isto é uma “pista de mão dupla”: “Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles”.

Se queremos realmente ter paz uns com os outros e amar o nosso próximo, precisamos abandonar um hábito que está profundamente entrelaçado à natureza humana: o hábito de culpar, julgar e condenar. Embora muito achem que a condenação “endireita o indíviduo”, os fatos demonstram que não. A diferença entre correção e condenação é do tamanho do universo. Corrigir é mostrar o caminho. É orientar aquele que cometeu o erro, levando o de volta ao caminho da graça, procurando firmá-lo no mesmo. Corrigir é andar junto. Paulo escreveu as seguintes palavras aos gálatas: “Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o, com o espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado. Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo."

Já quando condenamos ou culpamos alguém, o sentenciamos à exclusão e ao abandono. Jesus ensinou aos seus discípulos: Sua missão é jogar a rede, o mais cuido eu. Mostrou na teoria e na prática. Não deixou em nenhum momento que preferências doutrinárias ou partidárias, status social, vida pública, atos praticados anteriormente, excluíssem as pessoas de ouvirem e serem alcançadas pelo evangelho do reino. Assim foi com Mateus, Zaqueu, a mulher samaritana, Nicodemos, a mulher Cananéia, Jairo, a mulher Cananéia, o cego de Jericó e tantos outros. Jesus ensinou que devemos eliminar estes hábitos da nossa vida, não apenas para que possamos receber algo em troca de Deus, mas para que possamos acima de tudo nos tornamos mais felizes. Eliminar a condenação e ajudar: “Tire primeiramente a trave do teu olho...”

Em contrapartida, não julgar não significa não discernir. Discernir é fazer constatações em cima do que se vê. Um juiz de qualquer esporte usa pouco o julgamento e muito o discernimento. Ele diz pela sua experiência e em cima do que vê se foi ponto, gol ou não. É claro que ele também comete erros, mas a sua posição não é a do que mais sabe mas daquele que irá fazer a mediação entre as partes. Discernir é também mediar. Se não fizermos o uso do discernimento, acabamos por atirar pérolas aos porcos. Coisas boas se tornam más e ainda por cima letais. Aquilo que um dia serviu para construir, acaba virando um objeto de destruição. Acabamos por “empurrar as coisas goela abaixo”. Ouvimos e não entendemos. “Sabemos” e não praticamos.

Mulheres sujeitem-se (3.18), não está ligado a obediência cega, mas ao fato de caminharem juntos. Agora os dois são uma só carne, os sonhos e projetos, os passos durante a caminhada devem ser feitos juntos, visando o bem comum e a felicidade do casal. E o mesmo vale para os maridos que devem amar sua esposa e não a tratar com amargura (3.19). E Deus inspira o apóstolo a escrever em uma outra carta algo ainda mais sublime: “Maridos, amai vossas mulheres, como Cristo amou a igreja e a SI MESMO SE ENTREGOU POR ELA”.

Filhos, obedeçam a seus pais (3.20) e Pais não irritem seus filhos (3.21). Quantos filhos não honram seus pais e não os respeitam? Muitos. Em sua esmagadora maioria, a relação entre pais e filhos virou mero “negócio” ou “tradição familiar”. Relações que são verdadeiros objetos de cristais: encantadores e belos por fora, mas que possuem uma fragilidade gigantesca, que ao menor descuido vira apenas cacos e lembranças do que se foi um dia. Pais que tratam seus filhos como “acidentes da natureza” e que não perdem a chance de menosprezá-los, de compará-los com os filhos dos outros. Pais que proferem palavras de maldição sobre a vida dos filhos tais como: burro, idiota, imprestável e tantos outros adjetivos pejorativos. Filhos que tratam os pais como estorvo e que usam os mesmos apenas como agente de realização de desejos. Filhos que “sugam” seus pais, mas que tem vergonha dos mesmos por causa de algum defeito físico ou por que lhes falta escolaridade. Filhos que abandonam pais em asilos e hospitais. Pais que abandonam filhos nas ruas e nos latões de lixo. Relações edificadas na areia.

O que você quer ser quando crescer? Quero ser igual ao meu pai, ou igual a minha mãe. Respostas comuns há uns anos atrás. Hoje, o que mais se ouve é: Quero ser tudo o que o meu pai ou mãe não foi para mim. É triste e doloroso ouvir isto, mas é a triste manifestação dos frutos de muitas “árvores familiares”. Torno a dizer: Árvore boa, bom fruto. Você poderá questionar que há outros fatores internos e externos que influenciam as pessoas. Concordo com você. Mas também digo que, se os fatores externos e internos ruins nos influenciam, porque então não nos deixarmos influenciar pelos fatores positivos?

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