terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A Mensagem de Paulo aos Colossenses - Parte III






Recentemente uma mulher pilotava um avião, praticando manobras a altas velocidades num caça de combate. Ela acionou os controles do avião pensando que manobrava para uma íngreme subida — e voou diretamente para o chão. Não se deu conta de que estava voando de cabeça para baixo.
Paulo, em sua terceira mensagem, fala a pessoas que experimentaram duas coisas por intermédio do sacrifício de Cristo: Morte e Ressurreição (3.1-4). E convida estes a fazerem quatro coisas: Matar (3.5), Abandonar (3.8), não mentir (3.9) e revestir-se (3.10,12).
Aparências. Disfarces. Muitos vivem assim, pois se acostumaram a viver assim. O famoso agente 007, há tempos saiu das telas do cinema e se incorporou na vida de vários cristãos, infelizmente. Muitos destes tais deturparam o significado do que é ser cristão e transformaram o em “marca”. Hoje a “marca” cristão, gospel, evangélico, virou moda. É sinal de status e prestígio. Empresários, artistas, cantores estão sendo “convertidos” pela palavra.  Agora é necessário saber palavra de quem. É possível brotar de uma mesma fonte água doce e salgada? É possível servir a dois senhores? Questiono, não como quem julga a alguém, pois não sou advogado ou juiz. Isto são apenas perguntas e devem ser encaradas como pausas de reflexão.
 Não há árvore boa que dê mau fruto; nem tampouco árvore má que dê bom fruto.[...]O homem bom do bom tesouro do coração tira o bem. Quando Jesus falava sobre bem e mal, você acha que ele teorizava? Leia Mateus 5.21-44 e depois responda: Jesus fala de coisas concretas ou abstratas?
Segui a paz com todos e a santificação sem a qual ninguém verá o SENHOR.  Muitos atrelaram, principalmente a parte final deste verso, uma carga negativa e pesada, cheia de inúmeros conceitos sobre o que é santidade ou santificação. Em sua esmagadora maioria não passam de conceitos esdrúxulos e impraticáveis.  Seguir a santificação é andar obedecer as palavras de Jesus. É fazer o que diz o contexto do capítulo: restabelecer as mãos caídas e os joelhos trôpegos, fazer caminhos retos para os pés para que não se perca o que é manco; antes seja curado. Abandonar as coisas deste mundo, não é criar um mundo paralelo, onde só exista você e Deus. Algumas palavras de Jesus não recebem a devida importância. Parece que umas são maiores ou melhores que outras. O desejo de Cristo, manifesto a Deus, através de sua oração foi: Pai, não peço que os TIRE DO MUNDO, e sim que os livre do mal. Jesus nos mostrou o que é ter um viver santo e como viver uma vida santa. Ele diz: Santifica-os na verdade. A tua palavra é a verdade. Não existe viver santo sem o conhecimento das Escrituras. Resplandecer o amor de Jesus é ter uma vida santa.  Ela não está de forma alguma relacionado com comida ou bebida. Vida santa é uma vida pautada no relacionamento pessoal e íntimo para com Deus. No sermão do Monte (Mateus capítulo 5 a 7), Jesus demonstrou aos homens, todas as suas mazelas do “reino humano” e o que elas proporcionavam. Mas expôs ao mesmo tempo de uma maneira clara e objetiva o reino de Deus.
Constituiu-se em um grande problema analisar o discurso de Cristo separadamente. Temos que analisar os textos dentro de sua amplitude única. Exemplo: Mateus capítulos 5 a 7, é um texto único. Se não o compreendermos assim, ficamos à mercê de interpretações fantasiosas e perdemos a grandeza e minimizamos o impacto das palavras proferidas por Cristo. E qual o perigo existente nestas interpretações? A transformação das palavras de Jesus em leis. Se tudo o que Jesus disse se constituísse em lei, isso certamente seria impossível de cumprir. E mais ainda, anularia o conceito real da graça, fazendo que nós fôssemos obrigados a buscar graça para obter perdão. E o resultado disto é: Quanto maior a proibição, maior a santidade. E estamos tão condicionados a acreditar que isso é verdade, que simplesmente aceitamos!
João disse que: “A lei foi dada por intermédio de Moisés; a GRAÇA e a VERDADE vieram por meio de Jesus Cristo.” Todo ensinamento, embora bem intencionado, fora do contexto das palavras de Jesus, constitui-se em MENTIRA, produzindo assim maldição e não benção para nossas vidas.
Jesus disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida . Além de afirmar qual o caminho verdadeiro, confirmou mais uma vez a premissa básica de seu ensinamento: a vida no reino só se dá através da fé. E esta fé firmada em Jesus. Não há outro caminho, não existem atalhos.
O que Jesus deseja de nós é sinceridade. Ele conhece as nossas limitações. Nós também, precisamos ter conhecimento delas. Vida de aparência, falsa humildade, falsa piedade, pretensa religiosidade. Homens que enxergam ciscos e não enxergam traves. Homens que limpam o exterior do copo e o interior está sujo. Homens que são sepulcros caiados. Não disto agrada a Deus.
Encontramos hoje muitos que entregam o que é santo aos cães, que lançam pérolas ante os porcos, em troca de status, fama e prestígio. “Mensageiros” eloqüentes que arrastam multidões e as emocionam. Que alteram, adulteram, prostituem o discurso de Cristo, visando apenas o seu bel-prazer. E muitos deles ainda têm a audácia de dizer que anunciam o reino de Deus. Hipócritas! Dissimulados! Lobos roubadores, disfarçados em ovelhas, que anunciam um reino de renúncia, sacrifício para alguns e um de desfrute e “liberdade” para os outros.
Ter uma vida santa é plantar a semente da fé, para colher os frutos do Espírito12. É se revestir de compaixão, bondade, mansidão, humildade e paciência (3.12). É ser prova viva do impacto das palavras de Cristo, e não apenas um reagente (como muitos hoje o são) à impressionante disponibilidade de Deus para satisfazer as presentes necessidades humanas por intermédio das ações de Jesus, como disse Willard.
A nossa vida e nossa fé devem ser ativas. Seguimos a Deus porque o amamos e não porque temos medo do inferno, ou da morte ou qualquer coisa assim.  Somos convidados a agir e reagir em amor. Suportar e perdoar (3.13),  ensinar e aconselhar (3.16), agradecer (3.15 e 17).
Para aqueles que conhecem a Jesus, sabem que só existem dois caminhos: ou o abandonamos de um vez por todas, ou o adoramos sem reservas. É preciso ter isto em mente para que nossa fé, seja um fé autêntica, que não será levada por qualquer vento de doutrina.
Pense nos códigos de barras hoje usados nos produtos da maioria das lojas. O scanner lê somente o código de barras. Pouco importa o que há na garrafa ou na embalagem, ou se o adesivo está no item "certo" ou não. A máquina da caixa lê com o seu olho eletrônico somente o código de barras e desconsidera completamente o resto. Se o código de barras do sorvete está na ração do cachorro, a ração do cachorro é sorvete, pelo menos para o scanner 1.
O que realmente importa? A vida exterior ou a interior? Não importa qual bonito seja o túmulo ou o caixão, dentro sempre haverá um morto. O que vale mais? O que eu represento para os homens ou para Deus? Nenhum dos dois. O que vale é o que realmente somos. Se somos novas criaturas, vivamos pois em novidade de vida. 
Se nossa vida e fé não estiver alicerçada nas palavras de Cristo, se nós não formos praticantes e não apenas ouvintes, se a mensagem da graça e a anunciação do reino não tiverem significado em nossas vidas, vida santa ou viver em santidade serão apenas expressões religiosas fúteis e tolas.

1 -Dallas Willard - The Divine Conspiracy - pg.34